2020

Das Ruas para o Digital

Escrita poética na paisagem, um encontro do território e da cultura com as artes de rua, a música e o vídeo. 

Devido à Pandemia, e na impossibilidade de ser realizada a 4ª Edição da M.A.R. – Mostra de Artes de Rua 2020, o Teatro do Mar/M.A.R., em coprodução com a Câmara Municipal de Sines, avançou com um projeto que, embora não invocasse públicos presenciais, prossegue, de algum modo, os objetivos artísticos da Mostra. 

M.A.R. Out são quatro vídeos para o digital. A partir de uma proposta da Direção Artística, foram desafiados artistas nacionais a criar para a rua.

Fundindo as artes de rua (no caso, a dança, o circo, o clown e a performance/manipulação de objetos) com a música original, os vídeos são inspirados pelas ruas, paisagem, cultura e história da cidade, tendo convidado para cada um dos 4 distintos objetos artísticos, um intérprete e um músico compositor. Os vídeos, curtos e enquanto peças distintas, focam-se na paisagem industrial, natural, ribeira e cidade

Direção Artística: Julieta Aurora Santos/M.A.R. – Mostra de Artes de Rua 
Realização: André Costa Santos Assistência de realização: Mariana Machado Intérpretes/Criadores: Rui Paixão, Carlos Campos, André de Campos e Beatriz Dias
Músicos: Surma, Miguel Ramires, Diogo Melo, Tiago Inuit


DISSOLVER

Direção Artística: Julieta Aurora Santos
Intérprete/Criador: Rui Paixão
Banda Sonora: Surma

A paisagem industrial da cidade de Sines, são o enquadramento do artista Rui Paixão, clown e performer, e da música etérea de Surma. No ambiente inóspito, impessoal, frio e metálico da indústria, em contraste com a poesia da sua personagem, o artista pretende debruçar-se sobre a ideia de um universo onde o físico se deteve, um não lugar onde o tempo se suspende, memória da obra do homem, como ferrugem que corrompe e transforma o coração da terra.

fotografias de Mariana Machado


ORTO

Direção Artística: Julieta Aurora Santos
Intérprete/Criador: Carlos Campos
Banda Sonora: Miguel Ramires
Texto: Pica Lima
Voz: Julieta A. Santos

ORTO (nascimento; origem) tem como cenário a paisagem natural de Sines. Num registo poético, Carlos Campos, desenvolve uma interpretação que apela a uma consciência ecológica, de preservação e amor pelo planeta. Um corpo terra que procura sobreviver a uma inevitável transformação com o excesso de informação e produção humanas, que aniquilam a respiração do mar e a vida dos pássaros.Mais do que imerso na natureza, em ORTO, ele representa a própria natureza, e a sua capacidade tremenda de sobreviver à intervenção e presença da nossa espécie, na Terra.

fotografias de Mariana Machado


SAL

Direção Artística: Julieta Aurora Santos
Intérprete/Criador: André de Campos
Banda Sonora: Diogo Melo
Texto: Al Berto

A ribeira e as suas texturas de barcos, redes e boias, os gritos contínuos das gaivotas e os pescadores debruçados sobre o cais, são o cenário e inspiração para o trabalho de um bailarino que invoca a longitude do mar e a dureza áspera, e bela, dos homens que o enfrentam. Nas veias da cidade corre este sal que desenha o horizonte, tempera a alma, os dias e une todas as coisas. Uma criação que invoca o espírito do elemento que mais carateriza a cultura e a história de Sines, o que define a sua respiração: o mar.

fotografias de Mariana Machado


ARTÉRIA

Direção Artística: Julieta Aurora Santos
Intérprete/Criadora: Beatriz Dias
Banda Sonora: Tiago Inuit
Texto: Mariana Machado

Uma bailarina percorre as ruas da cidade. Entre a história e a modernidade, a ruína e a construção contemporânea, esta criação pretende mostrar a vida urbana, os seus contrastes e paisagem humana e, no caso de Sines, toda a sua diversidade e multiculturalidade. Alguém que deriva na procura da sua própria identidade e lugar. Entre o movimento e a estaticidade, um corpo presente, e ausente, numa deambulação em busca de uma cidade imaginada.

fotografias de Mariana Machado